Homilética - A Arte de Pregar

O sermão que vai transformar vidas, precisa ser a lógica pegando fogo; a teologia em chamas. E esse fogo não pode ser fogo estranho, mas o fogo do Espírito Santo. (M. Lloyd-Jones). 

  Não é de pouco valor a tarefa de pregar um sermão. Foi Ruskin quem disse que "Um Sermão Bíblico, são 30 minutos capazes de ressuscitar mortos".

A palavra Homilética vem de “Homilia”, que significa conversação. Homilética é a ciência que estuda os princípios fundamentais do discurso em público, aplicados na proclamação do evangelho. 

Este termo surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais doutrinas teológicas receberam nomes gregos, como: dogmática, apologética e hermenêutica.

O termo Homilética (gromilétikós = ensino em tom familiar), deriva do verbo grego omilleinque significa “estar em companhia de”, e o substantivo significa “assembleia”. 

O termo por sua vez, é derivado do Grego "HOMILOS" o que significa, multidão ou assembleia do povo, derivando assim outro termo, "HOMILIA" significando um pequeno discurso com a finalidade de convencer e agradar. 

Vem do verbo "OMILEU" conversar.  Portanto, Homilética pode ser definida simplificadamente como "A arte de pregar" ou “A arte de comunicar a palavra ao público de forma agradável”.

Na idade média a Homilia era a única forma de oratória. A arte da oratória com regras e técnicas teve origem na Cicília no século V a.C., através de um indivíduo chamado Córax e seu discípulo Tísias.

Oratória por sua vez, é a arte da palavra. E a palavra é a expressão do pensamento, dos sentimentos e dos posicionamentos.

A palavra é a verbalização das ideias 

A arte de falar em público nasceu na Grécia antiga sob o nome de Retórica. Depois da Reforma protestante, já no século 17, o cristianismo passou a usar esta arte como meio da pregação do Evangelho, quando então passou a ser chamada de Homilética e definida como “A Arte de Pregar o Evangelho”.  

Certamente a pregação do Evangelho tem algumas finalidades, mas a principal delas é Colocar o homem cara a cara com Deus. Cícero, grande orador da antiga Roma, declarou: “nem mesmo a inspiração pode funcionar sem o preparo”.

A pregação do Evangelho pode ser desenvolvida na vida de um indivíduo de duas formas, contudo, ambas precisam de preparo e dedicação. São eles: 1 – Dom natural; 2 – Dom exercitado. 

Helmut Thielicke, famoso pregador alemão, disse: "Onde quer que encontremos, hoje em dia, uma congregação cheia de vida, encontraremos no centro da mesma, uma pregação cheia de vida". 

Com isto podemos entender que a pregação é a principal tarefa do pastor e de todo obreiro que queira se útil no Reino de Deus.

A ORIGEM

O cristianismo foi a primeira religião universal que a humanidade conheceu, pois antes as religiões eram simplesmente nacionais, tribais ou familiares. O próprio judaísmo, de onde nasceu o cristianismo, não foi diferente. 

Começou como religião familiar, depois passou a tribal e chegou à religião universal. 

As religiões na antiguidade faziam parte de forma natural da vida dos homens. Naquela época o indivíduo se identificava com um grupo pela raça, religião ou política. 

Não havia o que há hoje: a divisão entre a vida social, civil, militar, religiosa, política, etc. “Tudo se confundia numa só identidade”. 

As coisas eram feitas em família e não se preocupavam em transmitir sua religião a outros. Por esta razão, não havia lugar para a pregação naquelas religiões. 

Por não haver a preocupação da pregação entre os povos da antiguidade, lendo apenas os escritos nos cultos, coube ao cristianismo, religião universal, e por natureza missionária, a oportunidade de criar a Retórica Sacra, ou a Oratória Sacra, que no século XVII veio a ser chamada de homilética como vimos a pouco. 

Cristãos e a Pregação

Os cristãos, no início do cristianismo, começaram imitando as sinagogas, lendo apenas os escritos no culto e exortando o povo, segundo as lições que extraíam dos textos lidos. 

Pedro, Estêvão e Paulo, por exemplo, narravam os fatos bíblicos e aplicavam à vida de Jesus, provando assim, que ele era o Messias prometido. 

Nisso consistiam seus sermões. Quando os pregadores cristãos passaram a estruturar e a organizar suas mensagens, tendo por base as regras da retórica grega e da oratória romana, teve início a homilética. 

Assim, no século IV d.C., apareceu a homilética que foi utilizada pelos pregadores gregos Basílio e Crisóstomo, bem como pelos latinos Ambrósio e Agostinho.

Na Idade Média a homilética era conhecida como a arte de fazer sermões e era quase a única forma de oratória conhecida. Na época, qualquer discurso que fosse apresentado na igreja considerava-se um sermão. 

A partir da Reforma, os sermões foram substituídos por verdadeiras mensagens evangelísticas, deixando de ser apenas discursos éticos e litúrgicos, tornando-se a Bíblia o centro da pregação, e a homilética, a arte de pregar o evangelho.

Hoje, a homilética é usada por todos os pregadores que valorizam esta missão e reconhecem que a mensagem da Bíblia jamais volta vazia (Is 55.10,11).

Objetivo da Pregação 

O objetivo primo da pregação não poderia deixar de ser outro a não ser o de persuadir. A persuasão era a meta principal da pregação apostólica. Notamos isso na pregação de Pedro (At 2.40), de Paulo (At 20.31; 26.29; 2Co 5.11, 14, 20). 

Suas mensagens eram em tom de urgência e os seus resultados comprovam este objetivo. “A pregação apostólica era uma combinação de todos estes procedimentos, com o acréscimo de orações e lágrimas;

 sim, é o Espírito Santo que convence, mas Ele resolve fazê-lo através das palavras proferidas por seus ministros”. (Quem multiplica é Jesus, mas os pães e os peixes é você quem traz).

Fator Intelectual.

O pregador precisa ser consciente que está falando em nome de Deus. Se você tivesse a missão de proferir um discurso em rede nacional em nome da presidência da república, certamente se prepararia com zelo; 

a tarefa da pregação do evangelho é ainda mais nobre, pois estamos falando em nome do próprio Deus. Precisamos nos perguntar: Como Deus tem falado em nossa boca?

Habilidade

Uma das funções da homilética é propiciar ao pregador melhor habilidade na fala, isto é, na arte de expressar o que sente, o que sabe e o que pensa. O fato é que nem todos tem o dom natural da palavra, mas todos os que desejam ministrar, devem buscar aprimorar sua capacidade de expressão. 

Por mais que a dificuldade de expressão seja ainda uma das principais causas de frustração de pessoas que desejam pregar, este é um problema que pode ser superado se a pessoa estiver disposta e for perseverante em exercitar-se na arte da expressão. 

Alguém que não tem o dom natural e se aplica ao treinamento, na maioria das vezes se torna mais eficiente que aquele que por ter o dom natural não se preocupa em exercitar-se.

O sucesso na pregação depende não só de oração e estudo da bíblia, mas também da persistência do pregador em melhorar sua capacidade de expressão da palavra através de constantes exercícios. 

"O que se expressa mal não terá ouvintes por muito tempo ainda que tenha uma grande mensagem a transmitir."

Eficácia

A pregação na igreja cristã tem sido um dos meios mais eficazes na proclamação do evangelho de Jesus Cristo. Temos muitos pregadores, mas nem todos sabem o que é ou o que significa pregação. 

Ao concluir essa disciplina esperamos que os alunos tenham aprendido o necessário para elaborar sermões com qualidade objetivando vidas para Deus. 

Lembre-se que esse ministério foi anelado pelos anjos, mas Deus o confiou a nós. 

Que os conselhos do Apóstolo Paulo ecoem em nossos ouvidos todos os dias.

“... Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar que domine bem a Palavra da verdade...”. 2Tm 2.15.

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